Faz agora mais ou menos um ano e meio que decidi mudar radicalmente a minha alimentação e modo de vida. No
início de 2014 comecei este blogue, para me ajudar a fazer a transição de uma alimentação principalmente carnívora para uma alimentação, primeiro vegan, e mais tarde plant-based (baseada em plantas).
Este percurso não foi fácil (na verdade ainda não é totalmente fácil), porque demora fazer uma mudança de mais de 30 anos (eu admito, quase 40 anos) de um modo de comer e de cozinhar, para outro muito diferente.
Deparei-me com muita resistência por parte das pessoas à minha volta, umas mais próximas e outras menos próximas, mas com força de vontade e auto-estima consegui vencer muitos preconceitos. O meu marido sempre foi o meu maior apoiante, incentivando-me e comendo tudo aquilo que eu cozinho. :-)
Os meus filhos têm sido um desafio, mas acho que ja encontrámos um certo equilíbrio cá em casa: faço-lhes carne 2 vezes por semana, peixe uma vez por semana, e nas restantes refeições tento que comam vegetariano.
É uma luta constante, mas quem tem filhos pequenos sabe que qualquer refeição pode descambar numa luta para eles comerem. Cá em casa o que tem resultado melhor é "Come que vais ver que gostas, e se não comeres a comida hoje, amanhã faço vegetariano de novo.". hehe... (para quem já está a julgar-me, não vale a pena, que eu não ligo a julgamentos, e o que me interessa é alimentar os meus filhos.)
A minha mãe no início também foi resistente, e tentava demover-me, mas agora já aceita e preocupa-se sempre em ter um prato vegetariano para mim nos almoços de família.
Mas e tem sido difícil resistir a comer carne? Na maior parte das vezes não.
Tal como
escrevi aqui, voltei a comprar carne e peixe, e no início pensava que também ía comer um pouco quando cozinhasse para a minha família,
mas na verdade não o faço.
Admito que o cheiro de um frango assado ou ver um hambúrguer caseiro me deixa com água na boca, mas já não tenho vontade de os comer (eu chamo-lhe o efeito Jasper Cullen, na cena do primeiro Twilight em que o Jasper atravessa o refeitório da escola com um ar sofredor) :-)
Neste último ano e meio acho que só não resisti 3 ou 4 vezes, comi duas vezes hambúrguer fora de casa e uma vez hambúrguer caseiro feito por mim. Nas férias de verão é que foi mais difícil, no Algarve quando jantei fora, porque as saladas, vegetais cozinhados e o que pudesse passar por comida vegetariana era intragável, e tive que comer peixe talvez 2 vezes. Por isso se pensarmos no número de refeições que fazemos num ano, 3 ou 4 vezes é um número ínfimo.
Assim, resignei-me a cozinhar dois pratos diferentes quase todas as noites. Continuo a acreditar que quando os meus filhos forem mais velhos, logo lhes explicarei porque sou vegetariana. Quando eles estiverem preparados para toda essa informação, e quando tiverem poder de decisão sobre o que comem na escola. Por enquanto isso não é possível, por isso vamos continuando como estamos.
E quanto à saúde? Estou mais ou menos saudável?
A minha mudança inicial não foi repentina. Pesquisei muito, li muito, e não retirei somente alimentos da minha alimentação. Substituí-os por outros e introduzi outros que não comia. Informei-me acerca das possíveis deficiências nutricionais de que poderia vir a sofrer, como a vitamina B12 e o cálcio, e certifiquei-me de que isso não me atingiria.
A vitamina B12 é essencial à nossa saúde e só se consegue consumir o suficiente com produtos animais. Assim, para não arriscar ficar com carência, passei a tomar um suplemento da Solgar que comprei no Celeiro, não diariamente porque não é necessário, mas uma ou duas vezes por semana. É o suficiente e nas últimas análises ao sangue que fiz, o meu nível estava excelente.
Quanto ao cálcio, o principal mito do leite de vaca, os vegetais de folha verde são mais ricos em cálcio do que o leite, por isso o cálcio nunca foi um problema.
O único problema que tive foi com a vitamina D. Esqueci-me dela e não entendi bem a sua função, por isso quando fiz análises ao sangue há uns meses atrás, apesar de todos os meus níveis de proteína, cálcio e B12 estarem óptimos, já estava com deficiência de vitamina D, e tinha sintomas disso (cansaço, pernas pesadas...). Assim, a minha médica receitou-me um suplemento que tomo uma vez por mês, e já recuperei.
Passado este ano e meio sinto-me perfeitamente saudável, e sinto-me melhor fisicamente do que antes. Como exemplos, eu costumava ter crises de síndrome do cólon irritável, e desde que deixei de comer produtos animais já não tenho tido mais. O meu peso, que tinha descido quando deixei de beber leite de vaca e depois quando virei vegan, entretanto recuperou e estabilizou. E a minha pele está com muito melhor aspecto. Até uma amiga me comentou isso há uns dias.
É só melhorias!
Como curiosidade, há uns dias atrás saiu um artigo no New York Times acerca do brilho que os vegan parecem ter, e o facto de se estar a tornar bem visto socialmente ser vegan. Para ler aqui:
Vegans Go Glam